
não durmas se eu fechar os olhos
Sabe aquela caixinha artesanal
de papel de presente?
Dentro dela ainda guardo um broche,
uma pétala e uma borboleta sorrindo.
Os versos e as fotografias
há muito plantei no coração.
As traças e as baratas
planejavam um ataque.
Sei o que fizeram com meus livros.
Sei como deixaram o meu lenço
(sudário do teu batom
e perfume) .
As baratas e as traças ao se unirem
contra o poeta de lembranças sagradas
sequer sobra um ai (um suspiro, um ui) .
É questão de sobrevivência.
Visto meu terno de casamento
(sombrio, falido e passado)
com o forte odor de naftalina
abraço-as todas com fúria
e mansidão.
Uma a uma lânguidas
caem aos meus pés.
Queria que me visses a estranheza
vestido eu do terno cinza (descalço)
e o olhar de Rasputin.
Por hoje a caixinha salva.
Meu medo é quando eu dormir.
Talvez até levem junto o meu coração
(das tuas fotografias e de tantos versos) .
Postado por Domingos Barroso às 17:47
Nenhum comentário:
Postar um comentário