Ganhei meu primeiro carro em 1779, quero dizer um fusca branco, lindo, mas o que tinha de lindo tinha de jumento, é isso mermo, o bichim e suas manias mais abestada bem na hora que eu mais carecia dele, era eu entrar girar a chave e nada acunticia, o fio duma égua ficava lá mudo, sem dá sinal nium, era uma gota serena, eu me aperriava todinha, ficava uma zureta de reiva mas num adiantava impijar cum ele não. O Jeito era sair, dar uma vorta arrudiando ele e cunversano bem cum carma pro mode ele intender. Era ai qui ia mia habilidade de muê porreta, muê de bigode, cabelo na venta. Me achegava devagarinho bem pertinho do seu coração, me acachava bem de lerda e falava cum todo cuidado pra num ofender o bichim: Ramo lá meu branquim, meu docim de coco, meu argudão doce, pega só dessa vez, vamo mais eu pra cidade, careço de de ir na budega do seu Artur, vamo mais eu.... e assim ia a peleza purum bucado de tempo até eu me aguniar de vez e levantar cum toda reiva e impijar logo tudo duma vez: Oi aqui seu lasquera, fio duma lata veia e inferrujada, eu vou entrar ai agora e infiar essa chave nesse buraco ai, se tu num roncar igual um carro de vera eu vô trocar tu lá na feira purum jipp qui é o que eu sempre quiz, tu qui sabe se vai perder essa dona bonitona e qui cuida tom bem de tu.
É pra agora ou nunca. Infiei a chave no seu buraco virei a danada e o bicho deu umas ingasgada e saiu roncando qui nem porco no cio. Eita fusca da pesta! Vamo mais eu pro Crato qui´é lá que faço a festa.
Íris Pereira
É pra agora ou nunca. Infiei a chave no seu buraco virei a danada e o bicho deu umas ingasgada e saiu roncando qui nem porco no cio. Eita fusca da pesta! Vamo mais eu pro Crato qui´é lá que faço a festa.
Íris Pereira
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