Minha Fuga Interditada
Tomei pílulas azuis, verdes e brancas, fiz em meu estômago um colorido de bolinhas.
Fui arrastando-me e cambaleando até o mais alto dos morros onde minhas pernas puderam chegar.
Não sei se estava vestido ou nua, sentia um arrepio percorrer o meu já quase adormecido corpo, um vento frio brincava com meus cabelos soltos propositadamente para serem levados alvoroçados como meus insensatos pensamentos, tentei sentar-me em posição de meditação, o que consegui foi uma desequilibrada figura de mulher apoiada nos próprios joelhos como que pedindo perdão. Minhas vista já não via tantas luzes lá em baixo, apagavam-se mais rápidos que os meus lentos piscares de olhos, eles insistiam em ficarem fechados, uma luta se travava em meu corpo, meu celebro e minha tolerância já era mínima e queria logo sua chegada.
Ouvi um bater forte de cascos de cavalos, tentei abrir mais os olhos e vi que ele chegava, finalmente pegou-me pela cintura e colocou-me em sua garupa, puxou meus braços bambos e os fez segurar seus largos ombros, olhei para baixo e vi muitas luzes piscarem, olhei para cima e vi muitas estrelas ricas em seus ricos formatos de ouro, tentei ver de onde vinha um claro maior, não consegui, seu corpo em minha frente atrapalhava minha visão
frontal e periférica. Senti que não ouvia mais o barulhos dos casco do alazão, entre tanta tontura e agonia vi que estava agora no espaço. As luzes ficavam cada vez mais distantes e as estrelas mais perto.
Não sentia mais frio, nem agonia, nem o estômago revirando, agora era algo mágico que acontecia e na magia se pode tudo. Soltei devagar uma das mãos e segurei em sua cintura, soltei a outra e fiz o mesmo com ela, assim agarrada totalmente a ele me deixei levar pelo espaço, agora eu já tinha compreensão do que estava acontecendo.
Ele nada dizia, só me puxava de vez enquanto para me firmar junto ao seu corpo. E encostei minha cabeça em suas largas costas, meus cabelos brincavam com a brisa, parecia uma longa viagem, mas não me sentia mais cansada nem tão pouco agoniada.
Ouvi um barulho estrondoso se aproximando de nós, olhei na direção de onde vinha e vi que era um avião enorme, vi olhos arregalados olhando para nós, alguns olhos verdes, azuis, pretos, e até avermelhados
tentando acreditarem estarem tendo uma alucinação coletiva, foram-se rápido ou nós que fomos mais rápidos não sei a velocidade que estávamos. Outra vez aquele frio foi tomando conta de mim, agora eu podia ver claramente de onde vinha o clarão era a lua em sua beleza esplendorosa. Notei que ela estava diferente, nua, sem figuras, faltava-lhe algo, era como se fosse apenas uma grande linda bola iluminada, sabia que era ela, mas não estava completa. Ele pulou do cavalo e levou-me em seus braços, deitou-me com delicadeza em uma macia camada de nuvens brancas e azuis, ergueu minha cabeça e pude ver seu rosto de homem santo, lindo, vi sua espada, e o vi voltar a montar em seu alazão deixando -me só com a lua.
Senti uma mão passando pelos meus cabelos e arrumar minha cabeça em algo fofo. Ouvi um chamado firme e delicado ao mesmo tempo: Maria, lembra seu nome? Eu disse que sim e ele continuou: Agora você está bem, conseguimos trazê-la de volta, deu trabalho, mas conseguimos. Agora descanse, não fale, amanhã poderá receber visitas, mas não se canse.
Pensei comigo, quem autorizou este imbecil a trazer-me de volta? Eu adorei passear com ele e queria ficar lá onde estava.
Dias depois fui à janela ver a lua e lá estava ele no seu cavalo e sua espada em punho lutando contra o dragão, aquele que queria me levar e ele não deixou.
Íris Pereira
Fui arrastando-me e cambaleando até o mais alto dos morros onde minhas pernas puderam chegar.
Não sei se estava vestido ou nua, sentia um arrepio percorrer o meu já quase adormecido corpo, um vento frio brincava com meus cabelos soltos propositadamente para serem levados alvoroçados como meus insensatos pensamentos, tentei sentar-me em posição de meditação, o que consegui foi uma desequilibrada figura de mulher apoiada nos próprios joelhos como que pedindo perdão. Minhas vista já não via tantas luzes lá em baixo, apagavam-se mais rápidos que os meus lentos piscares de olhos, eles insistiam em ficarem fechados, uma luta se travava em meu corpo, meu celebro e minha tolerância já era mínima e queria logo sua chegada.
Ouvi um bater forte de cascos de cavalos, tentei abrir mais os olhos e vi que ele chegava, finalmente pegou-me pela cintura e colocou-me em sua garupa, puxou meus braços bambos e os fez segurar seus largos ombros, olhei para baixo e vi muitas luzes piscarem, olhei para cima e vi muitas estrelas ricas em seus ricos formatos de ouro, tentei ver de onde vinha um claro maior, não consegui, seu corpo em minha frente atrapalhava minha visão
frontal e periférica. Senti que não ouvia mais o barulhos dos casco do alazão, entre tanta tontura e agonia vi que estava agora no espaço. As luzes ficavam cada vez mais distantes e as estrelas mais perto.
Não sentia mais frio, nem agonia, nem o estômago revirando, agora era algo mágico que acontecia e na magia se pode tudo. Soltei devagar uma das mãos e segurei em sua cintura, soltei a outra e fiz o mesmo com ela, assim agarrada totalmente a ele me deixei levar pelo espaço, agora eu já tinha compreensão do que estava acontecendo.
Ele nada dizia, só me puxava de vez enquanto para me firmar junto ao seu corpo. E encostei minha cabeça em suas largas costas, meus cabelos brincavam com a brisa, parecia uma longa viagem, mas não me sentia mais cansada nem tão pouco agoniada.
Ouvi um barulho estrondoso se aproximando de nós, olhei na direção de onde vinha e vi que era um avião enorme, vi olhos arregalados olhando para nós, alguns olhos verdes, azuis, pretos, e até avermelhados
tentando acreditarem estarem tendo uma alucinação coletiva, foram-se rápido ou nós que fomos mais rápidos não sei a velocidade que estávamos. Outra vez aquele frio foi tomando conta de mim, agora eu podia ver claramente de onde vinha o clarão era a lua em sua beleza esplendorosa. Notei que ela estava diferente, nua, sem figuras, faltava-lhe algo, era como se fosse apenas uma grande linda bola iluminada, sabia que era ela, mas não estava completa. Ele pulou do cavalo e levou-me em seus braços, deitou-me com delicadeza em uma macia camada de nuvens brancas e azuis, ergueu minha cabeça e pude ver seu rosto de homem santo, lindo, vi sua espada, e o vi voltar a montar em seu alazão deixando -me só com a lua.
Senti uma mão passando pelos meus cabelos e arrumar minha cabeça em algo fofo. Ouvi um chamado firme e delicado ao mesmo tempo: Maria, lembra seu nome? Eu disse que sim e ele continuou: Agora você está bem, conseguimos trazê-la de volta, deu trabalho, mas conseguimos. Agora descanse, não fale, amanhã poderá receber visitas, mas não se canse.
Pensei comigo, quem autorizou este imbecil a trazer-me de volta? Eu adorei passear com ele e queria ficar lá onde estava.
Dias depois fui à janela ver a lua e lá estava ele no seu cavalo e sua espada em punho lutando contra o dragão, aquele que queria me levar e ele não deixou.
Íris Pereira